ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS – HISTÓRIA

ATIVIDADE 01

HABILIDADE EF06HI02A: Identificar a importância das fontes históricas para a produção do saber histórico e analisar o significado das fontes que originaram determinadas formas de registro em sociedades e épocas distintas.

Você sabia que o ato de contar histórias das famílias em diferentes culturas também é uma ciência? Ao longo desta atividade, você verá que, quanto mais conhecemos sobre a história de nossos antepassados, mais perguntas nos fazemos e consequentemente buscamos outras informações que nos levam a reformular nosso conhecimento. Leia o texto abaixo.

A VIDA DE MÁRIO MARINO

Em uma tarde de outono, na cidade de São Paulo, o pai sentado ao piano executava uma de suas peças favoritas, e que na época era muito popular. Ao terminar, percebeu que um de seus filhos aproximou-se bastante emocionado. O pai colocou-o ao seu lado, na banqueta do piano. — Essa música, meu filho, é o “Noturno Número 2”, em Mi Menor, de Frédéric Chopin. Esse compositor, um dos mais significativos compositores de peças para piano, nasceu na Polônia, no ano de 1810, e faleceu bastante jovem em Paris em 1849. A sonoridade do piano e as sensações propiciadas pela música possibilitaram uma longa conversa entre o filho de 11 anos e seu pai, na época com 69 anos de idade.

— Me conte papai, me conte de sua vida na Itália. — Eu nasci no dia 5 de outubro de 1898, na Itália, na cidade de Ancona, que é uma região portuária banhada pelo Mar Adriático. Ancona faz a ligação entre a Itália, a Grécia e a Croácia. Meu pai trabalhava como fotógrafo, atividade que atendia à necessidade de se retratar das pessoas em geral. Entre os clientes frequentes, como você pode imaginar, estavam pessoas de posses que pagavam por esse serviço. Fui batizado com o nome de Mario Marino. Seus avós eram Michele Marino e Celestina Cherubini Marino. Eu era o filho mais velho e tinha três irmãos: Maria, Marco e Manglio Marino. Morei pouco tempo em Ancona. Ainda menino, eu e minha família fomos viver em Roma, capital da Itália. A mudança de minha família aconteceu em função de meu pai ter sido convidado para trabalhar como fotógrafo para o rei Vítor Emanuel II. Em Roma fiz todo os meus estudos, inclusive o curso de piano.

— Me conte papai, me conte sobre os meus avós.

— Seu avô paterno, Michele Marino nasceu no sul da itália, por volta de 1860.

Posteriormente ele montou um estúdio fotográfico na cidade de Ancona. Casou-se com sua avó Celestina, depois eles foram viver em Roma, onde seu avô Michele serviu como fotógrafo da Casa Real Italiana, durante o reinado de Vítor Emanuel II, de quem recebeu o título honorífico de Cavalieri. Seu avô fotografou muitas pessoas importantes em sua época, entre elas o dramaturgo, poeta e romancista Luigi Pirandello. Um irmão de sua avó Celestina, portanto seu tio-avô, chamado Giuseppe Cherubini, foi um importante pintor e aquarelista na cidade de Veneza, durante toda vida ele pintou aquarelas dos cenários da cidade de Veneza. Seu avô Michele e seu tio Cherubini lutaram nas guerras pela unificação dos diferentes reinos que compunham a Península Itálica. Após um processo de luta, no ano de 1870 surgiu o país Itália, sob a liderança do rei Vítor Emanuel II.

— Agora papai, me conte da Guerra.

— Meu filho, uma guerra é sempre um episódio trágico. Os homens do mundo inteiro deveriam se orientar por uma cultura de paz. Os resultados de uma guerra sempre são danosos tanto para os países vencedores quanto para os países vencidos. Quando eu tinha 17 anos, deixei Roma para lutar na hoje chamada Primeira Guerra Mundial, que durou de 1914 a 1918. Ela na época era denominada de “Grande Guerra” e envolveu dois blocos de países: a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria, Itália) e a Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia). Eu participei da “Grande Guerra” junto aos exércitos italianos. Fui condutor de caminhões que transportavam armas e suprimentos na Albânia, que é um pequeno país montanhoso no sudeste da Europa, fronteiriço ao território da Grécia. Durante essa guerra, os exércitos italianos dominaram a Albânia que, em 1917, foi declarada uma Colônia ou Protetorado italiano. Nessa guerra, meu filho, eu vi cenas muito dramáticas. Até hoje eu as guardo em minha memória. Os países da Tríplice Aliança foram derrotados.

— Me conte papai, me conte sobre sua chegada ao Brasil.

— Você já sabe que eu participei da “Grande Guerra” com 17 anos de idade. Portanto, eu era muito jovem, meu filho. As tensões no pós-Guerra continuaram no continente europeu. Havia um sentimento em grande parcela da população europeia de que as questões não resolvidas na “Grande Guerra” iriam desembocar em um outro conflito de proporções mundiais. Tomei uma difícil decisão: deixar minha família, meus amigos e a Itália. E eu tinha o desejo de conhecer a América. Inicialmente pensei em ir para Hollywood e tentar a carreira de ator. Desisti da ideia, abrindo a mim mesmo a possibilidade de vir para a América do Sul. Antes de adentrar no navio que me traria à nova terra, fui tomado por outra dúvida: desembarcar em São Paulo ou em Buenos Aires? Tomei a decisão pela vinda a São Paulo, cidade que tinha um grande número de imigrantes italianos. No ano de 1928 deixei o navio no Porto de Santos. Trazia comigo, além de muitos sonhos, o equipamento fotográfico de seu avô Michele, falecido no ano de 1923. Ao chegar na cidade de São Paulo eu aluguei um imóvel na Praça da Sé, número 14, onde instalei um estúdio de fotografia. Desse meu espaço pude acompanhar a construção das torres da Catedral da Sé. O Estúdio de Fotografia Cavalieri Mário Marino existiu do ano de 1928 até 1935.

AGORA É COM VOCÊ!

1- Em sua opinião, por que razão, nos textos lidos, o pai afirma ao filho que numa guerra os países vencedores e os vencidos sempre saem perdendo?

2- Em sua opinião, por que a Primeira Guerra Mundial era denominada de “Grande Guerra”?

3- O texto que você leu inicia-se com a citação de uma música que era muito importante para o narrador da história. Qual o nome dessa música?

4- Reflita sobre a sua família. Existe uma música ou um filme que tenha sido bastante importante para vocês? Qual? Escreva um parágrafo sobre ela, relacionando o filme ou a música escolhidos.

5- Você deverá relatar, em um parágrafo, uma conversa recente que teve com alguém mais velho de sua família, que lhe possibilitou conhecer um pouco melhor o passado da humanidade (da sua cidade, do seu país ou mesmo do mundo).

ATIVIDADE 02

HABILIDADE EF06HI02B: Analisar a importância das diferentes linguagens (visual, oral, escrita, audiovisual, material e imaterial) em diferentes sociedades e épocas.

Observe a imagem abaixo

1- Fazendo uma leitura atenta da imagem acima, você pode dizer quem são as pessoas que estão retratadas na fotografia? Descreva-as.

2- Ao visualizar a imagem em primeiro plano, algum elemento chamou sua atenção? Justifique sua resposta.

3- O que pode ser visto em segundo plano?

4- Qual é o ponto central da fotografia, para onde o olhar do observador é dirigido? Por quê?

Em que situação a fotografia foi tirada?

5- De que maneira as pessoas se vestiam?

ATIVIDADE 03

HABILIDADE EF06HI01A: Identificar as diferentes noções de tempo (cronológico, da natureza e histórico).

https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/wp-content/uploads/sites/7/2021/01/EF_ES_6-ano_Curr%C3%ADculo-em-A%C3%A7%C3%A3o.pdf- acesso em 1 de fevereiro de 2021)

AGORA É COM VOCÊ!

1-Crie uma linha do tempo ilustrada da sua vida, conforme as instruções que se seguem:

1º Utilize seu caderno de desenho ou uma folha sulfite para a realização da atividade;

2º Inicie sua linha do tempo na data de seu nascimento;

3º A última data que você irá colocar em sua linha do tempo é a data de hoje;

4º Entre o dia de seu nascimento até o dia de hoje, coloque o máximo de acontecimentos marcantes que você conseguir se lembrar. Assim a sua linha do tempo ficará bastante completa.

2- A divisão histórica mais utilizada no ocidente é o quadripartismo europeu, que consiste na divisão do tempo histórico em quatro partes: Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. Essa divisão da História, somada à noção de linearidade (proveniente da concepção de tempo judaico-cristã) é muito criticada pelos historiadores da atualidade. Pesquise em livros didáticos, na internet, entre outros recursos, as razões dessa divisão ser criticada.

3- Procure em um dicionário ou em outro recurso o significado das palavras desconhecidas que encontrou em sua pesquisa, e registre-os em seu caderno.

ATIVIDADE 04

HABILIDADE EF07HI01: Explicar o significado de “Modernidade” e suas lógicas de inclusão e exclusão, com base em uma concepção europeia.

Quando pensamos na palavra “moderno”, logo vem à mente algo atualizado, novo. Essa palavra também é utilizada para marcar a delimitação de um período histórico, a Idade Moderna, que se refere ao período entre os séculos XV e XVIII.

1- Após a leitura e a interpretação do texto, reflita sobre as palavras “antigo” e “moderno” e escreva os significados com suas próprias palavras em seu caderno.

2- Observe a imagem, leia o texto sobre ela e responda aos questionamentos em seu caderno.

(Charrua feita de ferro e madeira, puxada por tração animal de cavalos. Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/File:04-09-12-Schaupfl%C3%BCgen-FahrenwaldeRalfRIMG_1232.jpg>. Acesso em: 04 ago. 2020)

A imagem mostra duas tecnologias que começaram a ser utilizadas na passagem da Idade Média para a Idade Moderna: a charrua de tração animal, feita de madeira e ferro, e os arreios de tração para cavalos. As charruas e os arreios hoje podem parecer “antigos” ou “atrasados”, mas proporcionaram uma grande transformação agrícola quando foram criados. Essas tecnologias transformaram a lógica de produção agrícola medieval, aumentando a produtividade no campo e fazendo com que o comércio dos excedentes desta produção fosse crescentemente reabastecido. Hoje a indústria agrícola é automatizada e se utiliza de tecnologias muito mais sofisticadas do que essas. No entanto, tanto as charruas quanto os arreios não deixaram de ser utilizados até hoje.

3- A imagem apresenta duas tecnologias agrícolas. Quais são elas?

4- Em qual contexto essas tecnologias foram criadas?

5- Qual é a importância histórica delas?

ATIVIDADE 05

HABILIDADE EF05HI10- Inventariar os patrimônios materiais e imateriais da humanidade e analisar mudanças e permanências desses patrimônios ao longo do tempo. 

O carnaval é uma festa muito popular no Brasil e acontece em praticamente todo o país. Em 2021, devido a pandemia da covid 19, o carnaval será cancelado na maioria dos países, inclusive em São Sebastião.

Mas você sabia que o carnaval é também uma festa muito antiga?

O Carnaval foi trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses entre os séculos XVI e XVII, manifestando-se inicialmente por meio do entrudo, uma brincadeira popular. Com o passar do tempo, o Carnaval foi adquirindo outras formas de se manifestar, como o baile de máscaras. O surgimento das sociedades carnavalescas contribuiu para a popularização da festa entre as camadas pobres.

A partir do século XX, a popularização da festa contribuiu para o surgimento do samba, estilo musical muito influenciado pela cultura africana, e do desfile das escolas de samba, evento que acabou sendo oficializado com apoio governamental. Nesse período, o Carnaval assumiu a sua posição de maior festa popular do Brasil.

As marchinhas de carnaval surgiram também no século XIX, destacando-se a figura de Chiquinha Gonzaga, bem como sua música “Ô abre alas”. O samba somente surgiu por volta da década de 1910, com a música “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida, tornando-se, ao longo do tempo, o legítimo representante musical do Carnaval.

1- Observe essas fotos de carnaval e tente relacioná-las com as legendas

  • O Rio foi aprovado por turistas durante o carnaval deste ano. Foto: Fernando Grilli | Riotur – 2020
  • Cena de carnaval no Rio de Janeiro mostrando o Entrudo. Gravura Jean Baptiste Debret – 1823
  • Bloco Infantil de Carnaval no centro histórico de São Sebastião. Foto: Agnelo Ribeiro – 1955
  • “Arlequins”, quadro que representa o famoso personagem de carnaval. Di Cavalcanti – 1943

Já no final do século XIX, vários grupos carnavalescos ocupam as ruas do Rio de Janeiro, servindo de modelo para as diferentes folias. Nessa época, esses grupos eram chamados de cordões, ranchos ou blocos. Em 1890, Chiquinha Gonzaga compôs a primeira música especificamente para o Carnaval, “Ô Abre Alas!”. A música havia sido composta para o cordão Rosas de Ouro que desfilava pelas ruas do Rio de Janeiro durante o carnaval.

Nos anos 1970, um bloco de carnaval de rua de São Sebastião fez uma homenagem a artista. Chiquinha Gonzaga (1847-1935) foi compositora, pianista e regente brasileira. Primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.

MARCHINHA CHIQUINHA GONZAGA

Composta por Neide Palumbo e Antonia Grangeiro Rodrigues para o Bloco de Carnaval Unidos da Blumenthal nos anos 1970

Foi no passado                                                                           

Mas era tão moderna                                                                     

Como no tempo atual

Chiquinha Gonzaga                                                                   

Trazemos para este carnaval                             

Mulher de fama e coragem

Este ano a Blumenthal

Presta a sua homenagem

A rainha do nosso carnaval

No chorinho ou no maxixe

Em tudo se dava bem

Exaltando a liberdade

Ela está de parabéns

Glossário:

Blumenthal: nome de um bloco de carnaval de rua de São Sebastião, foi retirado do nome da rua onde surgiu o bloco “Álvaro Blumenthal” (hoje rua Prefeito João Batista Fernandes),

Maxixe: O maxixe ou tango brasileiro, é um tipo de dança de salão brasileira criada por afrodescendentes que esteve em moda entre o fim do século XIX e o início do século XX. O ritmo, segundo hipótese levantada por alguns estudiosos, foi influenciado pela música trazida por escravos de Moçambique.

Chorinho: O choro, popularmente chamado de chorinho, é um gênero de música popular e instrumental brasileira, que surgiu no Rio de Janeiro em meados do século XIX. O choro pode ser considerado como a primeira música urbana tipicamente brasileira e ao longo dos anos se transformou em um dos gêneros mais prestigiados da música popular nacional, A composição instrumental dos primeiros grupos de choro era baseada na trinca flauta, violão e cavaquinho.

2- Algumas palavras usadas pelas autoras podem ser desconhecidas para você, são ritmos musicais que faziam sucesso na época de Chiquinha Gonzaga. Você consegue identificá-los?

O entrudo também fez sucesso em São Sebastião, veja o depoimento de uma antiga moradora do centro histórico, recolhido pelo Arquivo Histórico Municipal.

DEPOIMENTO DE JOVITA LEITE MOTA, NASCIDA EM 01/07/1919.

Muito pouco se tem a falar sobre o carnaval dos anos 40 e 60 aqui em São Sebastião. Naquele tempo, os festejos começavam no domingo e terminavam na terça-feira, sendo somente três dias.

O progresso não tinha chegado por aqui e nem se falava em escola de samba, mas a pequena população se encarregava de fazer a festa. As crianças e adolescentes saíam às ruas vestindo fantasias, as mais usadas eram de palhaços e colombinas. Os homens usavam máscaras que eram feitas de papelão, papel pintado e muita tinta.

Era divertida a guerra das laranjinhas, bolinhas de cera cheias de água que jogavam uns nos outros. Quando estourava molhava toda a roupa, terminava quando todos estavam encharcados. Passar na rua distraída por debaixo de janelas era perigoso, pois corria o risco de levar um balde de água na cabeça. Era o banho do “intrúido”, como era chamado.

Á noite, a distração era o baile realizado no Clube Atlético Sebastianense, onde os pares formavam cordões, pulavam e cantavam ao som das marchinhas carnavalescas, tocadas na vitrola ou por alguns músicos improvisados.

As músicas que mais se cantava eram: a Jardineira, Chiquita Bacana, Mamãe eu quero e Zé Pereira. O salão ficava cheio de confete e serpentina e, para animar ainda mais, era usado o lança perfume, que naquele tempo era um brinquedo inofensivo.

Todos os festejos terminavam a meia-noite de terça-feira, em respeito à quarta-feira de cinzas, primeiro dia do início da quaresma.

Assim era o carnaval em São Sebastião com muita alegria e muita paz entre os moradores caiçaras.

3 . O depoimento de dona Jovita apresenta um carnaval muito diferente do que você conhece?

4. Compare o entrudo relatado por dona Jovita com a gravura de Debret.

5. Faça uma pequena descrição do carnaval que você conhece.